sábado, 14 de janeiro de 2012


O VÍCIO DA INTERNET

- por Tais Luso de Carvalho


Acho a Internet sensacional: permite a comunicação com pessoas, mandamos e-mails para simplificar as coisas, ampliamos o circulo de amizades, entramos em quase todos os países, somos lidos, tudo é democrático. Quantos nunca tiveram a oportunidade de ver seus textos publicados por serem autores novos e desconhecidos? As editoras só querem publicar autores que dão retorno, sabemos disso. Hoje, quem gosta de escrever tem oportunidade na web, assim como os artistas têm oportunidade de divulgarem seus trabalhos. Isto é ótimo.

Porém quero falar do vício, e que está sendo um desastre para muitos. Numa pesquisa na Inglaterra, um grande número dos entrevistados mostrou sinais de vício em telefones celulares, Blackberries e outros aparelhos em que podiam checar as mensagens de e-mails com frequência. Somos pessoas de hábitos e podemos nos viciar em muitas coisas. Assim como algumas pessoas são viciadas em drogas, em jogos e no tabaco, outras são viciadas em passar horas na internet.


Segundo os pesquisadores, as pessoas usam qualquer coisa, em demasia, para suprirem uma carência que têm na vida real. Assim nasce o vício, qualquer vício. E a internet não ficaria fora. Um levantamento realizado pela Universidade La Salle, nos Estados Unidos, estimou em 50 milhões o número de viciados em Internet naquele país; no Brasil não temos, ainda, uma pesquisa deste nível. De acordo com o Internet World Stats, 1,3 bilhão de pessoas usam Internet no mundo todo.


Os pesquisadores observaram que pessoas viciadas se levantavam várias vezes, à noite, para checarem seus emails e mensagens de texto. O vício em tecnologia pode levar a problemas de relacionamento, principalmente quando o viciado se afasta da família. As pessoas ficam muito ansiosas longe de seu celular e de outros aparelhos e, quando se dão conta, já é tarde.


O mais assustador neste vício, são pessoas que morrem por permanecerem por longo tempo na frente do computador. Isso se deve ao fato de haver certas doenças que se desenvolvem pela permanência em uma determinada posição; uma dessas doenças é a Trombose Venal Profunda, que pode evoluir para uma Embolia Pulmonar, e por fim levando o individuo à morte. Estudos realizados nos Estados Unidos revelam que de 6% a 10% dos aproximadamente 189 milhões de internautas americanos sofrem deste mal.


Exemplos surgem a todo momento: um advogado - bem sucedido - acabou com sua carreira e sua família devido ao mau uso da Internet; uma dona de casa acumulava montanhas de lixo dentro de casa, comia defronte do computador e adormecia nas salas de chats, enquanto outra nem banho tomava mais... E existem milhares de casos espalhados pelo mundo inteiro de casais se separando por usarem, sem cautela, os sites do Orkut, msn, salas de chats, intimidades na rede, etc. Não sabemos as intenções de quem está do outro lado; até podem ser boas, inocentes. Como também o contrário.


No Brasil a Internet é usada por 59 milhões de internautas. Nós, brasileiros, somos os que ficamos mais tempo online, segundo o Ibope/NetRatings, pesquisa incluindo 10 países, inclusive Japão e Estados Unidos. Passamos horas experimentando e adotando novas tecnologias. Adoramos nos socializar na web.


O difícil da coisa é ter o comando de nossa vontade. Somos por demais obstinados quando gostamos de algo. O que não é dosado, vira vício. E aí começa a luta: largar um pouco para não largar tudo; não podemos deixar de viver em função do virtual.


A máquina mais perfeita, a que tem características próprias, que é única, é a ‘máquina humana’. Somos o computador mais completo: além de inventarmos o outro, ainda somos ternos, amorosos, criativos, sensitivos e pensantes. E acho que nossa máquina merece mais cuidados. Nosso tempo é contado. E nossos erros não serão descontados.
Encontrar o equilíbrio é uma das coisas mais difíceis.

 (Importante: esta crônica foi escrita em 2008. Após esta data, os dados já serão outros!)

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